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Supervisão clínica e ser terapeuta

  • Foto do escritor: Sheila Antony
    Sheila Antony
  • 6 de jun. de 2021
  • 2 min de leitura

Atualizado: 1 de ago. de 2021

Foi lançado na semana passada o livro SUPERVISÃO EM GESTALT-TERAPIA: O CUIDADO COMO FIGURA, organizado por Virginia Suassuna Costa e Danilo Suassuna, no qual sou colaboradora com o capítulo Supervisão Clínica: partilhando experiência e saber. Abordo a importância da supervisão como uma das atividades essenciais para o crescimento profissional do psicólogo, o percurso teórico que sigo em minhas supervisões e o terapeuta como presença consciente nas sessões de psicoterapia.


Pontuo que supervisionar transita entre ciência e arte, como ciência consiste em levar o supervisionando a se profundar em leituras dirigidas sobre a abordagem teórica escolhida para se apropriar dos seus conceitos e princípios com a finalidade de fundamentar sua prática, pois para uma boa prática, uma boa teoria. Como arte, significa saber o momento de se deixar mover pela intuição, pelos sentidos, pelas sensações corporais, pelas emoções que associadas a atenção consciente servem de guia para escolher as intervenções que facilitam a compreensão do cliente dos seus processos psicoemocionais inconscientes correlacionados aos conflitos psicológicos centrais da sua vida relacional.


Destaco o princípio basilar na condução de minhas supervisões que é ensinar o supervisionando a se tornar presente ao outro, qualificando sua presença por meio das atitudes dialógicas (inclusão, confirmação, presença, comunicação autêntica) e da habilidade de sustentar o contato. Sem um bom contato, não há a formação do vínculo de confiança e segurança e, dessa forma, não acontece uma boa terapia. Ser consciente de si, dos seus conflitos e de suas carências, bem como da teoria escolhida é fundamental para a construção de uma relação sólida, livre de projeções.


A posição do terapeuta é paradoxal, pois transita entre poder e impotência. Consciência, limite, poder. Quanto mais o terapeuta é consciente de si, de seu poder pessoal, limitações e conflitos vividos no sistema familiar, mais poderá ampliar a awareness do cliente sobre as gestalten abertas, necessidades afetivas não atendidas, as partes obscuras sem misturar o que é seu com o que é do cliente. Ser um bom terapeuta requer ser um eterno vigilante de si mesmo durante as sessões terapêuticas e das relações estabelecidas com os outros (amigos, marido, mulher, filhos, colegas de trabalho). Por isso, o terapeuta tem uma dupla tarefa - a de olhar para dentro de si e ao mesmo tempo para dentro do outro -, buscando aquilo que o cliente não consegue enxergar por si só. Para tal, é imprescindível desenvolver a escuta acolhedora, a escuta que peneira o trigo e separa do joio, a escuta sensível que capta aquilo que está nas entrelinhas do discurso racional do cliente. O tempo e a experiência ensinam o terapeuta a se tornar sensível ao essencial e a entender, segundo Juliano (1999, p. 114), que a "sensibilidade nos faz diminuir o passo e escutar com atenção".


Terapia é ciência e, como tal, constitui-se na arte da presença, do encontro e do diálogo essencial.

A nossa profissão, como psicóloga clínica, é a única em que crescimento pessoal é crescimento profissional e crescimento profissional traz crescimento pessoal.


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