As dificuldades de quem tem superdotação
- Sheila Antony
- 4 de jun. de 2024
- 2 min de leitura
A criança superdotada apresenta sinais de elevada inteligência, desde os 2 anos de idade, quando inicia a falar com um repertório de palavras, que vai além da sua idade cronológica. Junto com a aquisição da linguagem, mostra uma boa coordenação motora, uma capacidade criativa impressionante para descrever o mundo, inventar histórias, perceber o outro e suas emoções. Chama muito atenção também o múltiplo interesse que desenvolve por assuntos específicos (como, dinossauros, planetas, bandeiras, países, línguas, música clássica), os quais estuda por conta própria, sem recorrer aos pais ou a outro adulto. O problema começa ao entrar na escola. Lá se depara com colegas da mesma faixa etária, cujas brincadeiras e conversas não acompanham a sua precoce maturação neurológica e cognitiva. A professora explica e a criança entende rápido, elabora prontamente o conteúdo, expande o pensamento e já parte para outro tema de interesse, que não lhe é oferecido. Assim surge o tédio nas aulas. A escola não é fonte de entusiasmo para ela, desde aquilo que lhe é ensinado, até os coleguinhas e os professores que não a compreendem. Geralmente, seu rendimento escolar é inferior devido à falta de interesse e impaciência como aquilo que é ensinado e que já processou.
Listo aqui algumas características e atitudes próprias da criança e do adolescente superdotado.
- É muito crítico e exigente consigo mesmo, tende ao perfeccionismo. Não admite errar.
- Não aceita respostas, informações ou avaliações superficiais.
- É muito sensível a injustiças, tanto a nível pessoal quanto social.
- Tem elevado sentimento de empatia (exacerbada sensibilidade com o sofrimento e a dor alheia).
- É muito criativa e gosta de produzir/trabalhar/executar.
- É autodidata.
- Tem elevado nível de autoconsciência.
- Não gosta de discussões ou brigas, busca harmonizar o ambiente e as relações.
- Evita inferiorizar ou diminuir os outros.
- É intensa emocionalmente (raiva, dor, paixão, tristeza, alegria), ao mesmo tempo, em que é extremamente racional em dados momentos, mostrando-se insensível ao outro.
- Possui elevada intuição e percepção aguçada dos sentimentos alheios e dos acontecimentos mundanos (parece adivinhar o futuro, antecipar problemas, reconhecer a falta de verdade no outro).
Questões psicológicas que necessitam de atenção:
- Medo do fracasso.
- Insônia. Pensa demais e tem "insights" durante a noite.
- Ambivalência a respeito de si mesmo.
- Baixa autoestima e autoconceito depreciativo.
- Discordância das normas impostas da família e do grupo da mesma idade por ter uma visão bem mais ampla do mundo e dar importância à autonomia e à independência.
- Tendência ao isolamento social por pensar que incomoda em sala de aula e na família.
- Possibilidade de ter depressão por se sentir inadequado no mundo.
- Bloqueio entre o corpo e a mente.
- Dificuldade em escolher o curso que quer seguir na faculdade e a profissão.
Obs: O termo correto para designar pessoas com elevado nível de inteligência é superdotação e não altas habilidades, uma vez que, pessoas sem serem superdotadas podem ter altas habilidades ao serem submetidas a um treinamento em áreas específicas. É uma condição genética e hereditária.
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