A criança e sua família
- Sheila Antony
- 11 de jul. de 2022
- 2 min de leitura
Estou ministrando do um curso a convite do Instituto de Pesquisa e Treinamento em Gestalt-terapia de Goiania (ITGT) com o título "A criança e sua família". Apresento a noção de criança, a metodologia gestáltica, a relação terapêutica, o processo terapêutico com os objetivos terapêuticos, incluindo a família nesse processo. A família é o berço do desenvolvimento da capacidade de amar e da capacidade de se permitir ser amada. A família ensina a criança a se relacionar de forma saudável ou não saudável, exercendo uma forte influência na formação da identidade e da subjetividade composta por valores, crenças, anseios, exigências. Aprendemos a nos relacionar por meio do contato e do vínculo construídos entre os membros familiares, os quais são responsáveis pelo surgimento dos sentimentos de pertencimento, inclusão e identificação com o todo familiar. Cito Wheeler (2002) que afirma: "Cada parte do campo é uma parte de nós mesmos, nós somos profundamente parte um do outro". A família é o tu imperativo: o outro essencial, segundo Kempler (1978). Nesse sentido é de suma importância que o terapeuta tenha encontros com os pais individualmente ou conjuntamente para lhes dar a oportunidade de entender a coparticipação de cada um na formação dos sintomas ou distúrbios psicológicos da criança, bem como de tomarem consciência das gestalts abertas vividas com os próprios pais que geraram mágoas, tristeza, medos, raivas a partir da sua criança interior ferida. Enquanto os pais não visitarem a sua infância continuarão a delegar aos filhos seus sentimentos de fraqueza, fracasso, impotências, agressividade, ou melhor, as suas velhas feridas. A criança interior dos pais está sempre presente quando suas reações emocionais são intensas e com um tom de exagero diante de comportamentos dos filhos que consideram inapropriados ou errados. A psicoterapia com crianças deve esta a serviço: - da reconciliação entre pais e filhos; - do reconhecimento dos mitos e introjetos familiares; - do restabelecimento do contato verdadeiro e nutritivo entre os membros familiares; - da conscientização do lugar e do papel de cada um dentro da família; - do significado do sintoma na dinâmica familiar.
* Trecho extraído do livro "A clínica gestáltica com casais e famílias: caminhos do diálogo", do meu capítulo "O atendimento aos pais na psicoterapia da criança: descobrindo a criança interior ferida".

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