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A criança ferida dos pais projetada nos filhos

  • Foto do escritor: Sheila Antony
    Sheila Antony
  • 18 de nov. de 2019
  • 2 min de leitura

Atualizado: 13 de out. de 2020

Inicio com a afirmativa de Alice Miller (1997, p. 33) “A tragédia da infância dos pais será perpetuada, inconscientemente, nos filhos". Os pais pensam que podem se livrar das velhas feridas ao delegá-las ao próprio filho. A criança e sua família estão intimamente interligados e os pais, com sua história passada vivida no campo familiar transgeracional, exercem uma forte influencia na (de)formação da identidade da criança. Não somos um puro “eu”, somos parte de diversos outros “eus” e temos partes desses outros “eus” em nós (parentes com quem convivemos ligados a esse todo ao qual pertencemos), Nós somos profundamente parte um do outro e, em nosso pertencimento, um ao outro e ao campo, o qual compartilhamos, repousa nossa completa humanidade e o desenvolvimento total do nosso self” (Wheeler, 2002, p.78). Aprendemos a nos relacionar por meio do contato e do vínculo construídos entre e com os membros familiares, responsáveis pelo surgimento dos sentimentos de pertencimento, inclusão e identificação com o todo familiar. Quando algum membro/parte da família é alienado ou excluído ou rejeitado será perpetuado esse padrão relacional e haverá a luta de alguns descendentes pelo amor, inclusão e pertencimento nos grupos de convivência familiar e social.

A capacidade de amar emerge junto com a capacidade de amar os próprios pais. Quem não ama a mulher e a pessoa que a mãe é, quem não ama o homem e a pessoa que o pai é, não consegue amar o outro de forma plena e saudável. É necessário que a criança internalize uma representação positiva, amorosa, admirativa dos pais para que seja capaz de se amar, criar uma relação amorosa nutritiva e se oferecer confiavelmente para ser amada.

Encerro com a preciosa fala de Patricia Gebrim (1998), em seu livro Palavra de Criança, que ilustra a perda da espontaneidade de sentir e expressar-se originalmente proveniente das experiências infantis: "Adulto é ladrão de sentimentos. Muitas vezes os pais ensinam à criança que é perigoso sentir, que os sentimentos são perigosos e que ela precisa ser sempre calma e controlada (o que nem mesmo eles conseguem ser ou fazer)”.


Trecho extraído do meu artigo publicado em inglês e francês publicado em Revistas Internacionais de Gestalt, encontrado em meu site.

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