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Minicurso Culpa, impotência e inautenticidade do eu: trabalhando as introjeções

  • Foto do escritor: Sheila Antony
    Sheila Antony
  • 24 de abr. de 2019
  • 2 min de leitura

No desenvolvimento psicoemocional do ser humano, a assimilação e a introjeção são os processos básicos de metabolismo mental responsáveis pela absorção do mundo e organização da personalidade. A assimilação corresponde à digestão do material psicológico, o qual é desestruturado e integrado ao organismo, sem parecer um alimento estranho. A introjeção é definida como o processo de incorporar os alimentos psicológicos sem que haja digestão e elaboração do material dado, o que deixa resíduos e elementos tóxicos prejudiciais ao crescimento e à formação da identidade do indivíduo. Do ponto de vista psicológico, a introjeção refere-se à internalização de crenças, valores, comportamentos, código moral impostos pelos pais e ambiente externo, que irão interferir na expressão autêntica do eu. Os introjetos quando tóxicos (conteúdos destrutivos e inibidores do excitamento organísmico) tornam-se responsáveis pela formação de sintomas, distúrbios emocionais, deformação da personalidade. Faz o indivíduo carregar “deverias” (“você deve ser, pensar, agir assim”), os quais vem associados com expectativas trágicas (ameaças de punição, privação ou retirada do amor, abandono) em função da criança ter desobedecido, contrariado, revelado uma vontade ou um pensamento diferente. Quanto mais hostil e ameaçador é o comportamento dos pais, mais os introjetos tornam-se fixados; e mais amedrontada, ansiosa, agressiva poderá ser a criança. Essas mensagens geram um conflito entre as partes originais e as partes introjetadas da personalidade, criando o dilema do dominador x dominado. O que é original e espontâneo, é alienado e projetado para fora, levando a uma falsa identidade, ao viver “como se”, em que a pessoa assume papéis estereotipados e máscaras no convívio social. Experimenta uma constante oscilação entre o que “deve ser” e o que “pensa que é”, instaurando o conflito interno entre a voz que manda, condena, julga (dominador) e a voz que combate o juiz passivamente e dá lugar à vítima (dominado). Em razão dessa dinâmica, surge a culpa por não atender as exigências do dominador, descumprir os introjetos, infringir as normas impostas, criando uma moralidade forçada e uma personalidade deliberada. Os introjetores frequentemente sentem culpa quando se comportam priorizando a sua vontade, porque imaginam que irão ferir, magoar, decepcionar o outro poderoso. Quando a culpa se instala como sentimento fixado (às vezes neurótico), a pessoa perde a espontaneidade, teme conflitos, sente-se impotente, critica-se com frequência, julgando-se sempre errada, em razão de ter introjetado que a vontade do outro deve estar sempre em primeiro plano e, por consequência, suas necessidades primárias devem ser reprimidas, tornando a retroflexão um dos mecanismos de defesa central. É de suma importância, portanto, o terapeuta trabalhar as introjeções, posto que dão origem a dois processos: mutilação de algumas atitudes originais e o desenvolvimento artificiais de outras, os quais bloqueiam o funcionamento pleno do indivíduo.

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